De acordo com o Global M&A Report 2021 da Bain & Company, o mercado de fusões e aquisições (também conhecido pela sigla no inglês M&A, representando Mergers and Aquisitions) chegou a movimentar aproximadamente US$ 2,8 trilhões apenas no ano de 2020.
Neste sentido, é importante fazer um parênteses para explorar um pouco a terminologia de fusões e aquisições; sendo a primeira referente à união de duas ou mais sociedades para a formação de uma nova e, a segunda, refere-se a compra total ou parcial de participação societária – o que significa que não há a criação de uma nova empresa.
Você ainda tem a percepção de que vender sua empresa é um processo nebuloso, burocrático e moroso? Bem, pode-se dizer que partes do processo podem ser um pouco mais burocráticas do que outras, mas há muito do dedo do mercado nesta máxima.
Neste artigo vamos desmistificar as etapas do processo de M&A de forma que você se sinta mais confortável a optar por esta alternativa em um momento oportuno.
Antes de tudo, porque vender sua empresa?
Se você é um empresário que atualmente vive o dilema “vender ou não vender, eis a questão”, te garanto que os pontos levantados aqui podem te dar uma luz sobre esta escolha tão importante.
Os principais motivos para a venda de um negócio podem transcender questões relacionadas à sucessão ou mudança de controle. Destaco alguns que têm sido comuns em diversos setores da economia:
- Necessidade de capital (para um negócio crescer, muitas vezes, é preciso investimento; seja este financeiro, know-how, equipamentos ou pessoas),
- Dificuldades financeiras (quando a empresa entra em um ciclo no qual ela por si só não conseguirá resolver)
- Questões pessoais dos sócios (desentendimentos, motivos de saúde, divórcio, aposentadoria, etc).
Em todos estes cenários explorados, tem-se um denominador comum: para crescer ou sanar as questões entre sócios ou saúde da empresa, é necessário realizar a venda total ou realizar um processo de saída/entrada de um novo sócio (investidor).
Dicas de como se preparar para o processo de M&A
Depois de passar por um processo de reflexão e avaliação dos motivos desta venda – total ou parcial -, já tem-se uma decisão formada e fundamentada.
Agora, é a hora de colocar as mãos na massa e iniciar a etapa de planejamento deste processo. Como?
Separo abaixo algumas fases deste processo que são de suma importância para seguir com um processo de venda mais fluido.
1. Transição
Uma vez que a reflexão do “por que vender agora?” é digerida e analisada minuciosamente, dá-se início a um período de transição. Isto significa que, neste momento você pode começar a averiguar qual a melhor estratégia de maximizar o valor da sua companhia (ou, ao menos, um valor considerado justo), e para isso tem-se um planejamento de sucessão.
Lembre-se, quanto mais controle você (empresário) tiver do processo, maiores as chances de você atingir o valor que estima, ok?
2. Objetivos
Para se ter um controle do processo de saída da companhia, é essencial que você tenha uma direção sobre a sua empresa (se você ainda está um pouco perdido nesta etapa, continue lendo – o artigo traz algumas informações valiosas mais abaixo). E, para que esse controle se torne realidade, você precisa ter uma visão clara das suas prioridades pessoais e relacionadas ao negócio.
3. Qual o valor da sua empresa?
A determinação do valor do seu negócio é um processo delicado. Para chegar neste número mágico, é realizada a análise dos demonstrativos financeiros da empresa, além de cenários futuros e projeção dos números da companhia para os próximos anos (no mínimo 5 anos).
A melhor forma de chegar em um valor próximo ou superior ao desejado é ter desenhado quais as suas vantagens competitivas e pontos fortes – e, se possível, ter um plano de ação para aprimorá-las e salientá-las durante o período de negociação.
Lembre-se de ser honesto consigo mesmo. E se prepare para todos os cenários possíveis:
- Receber uma oferta inferior ao valor desejado
- Receber uma oferta de um valor muito justo ao planejado
- Receber uma oferta superior ao valor-alvo.
4. Estruturar a transação
A forma na qual a saída da companhia for estruturada gera um impacto direto no valor da transação e no processo como um todo.
É importante, também, levar em consideração as consequências da venda da empresa para os seus funcionários, como por exemplo a retenção de algum funcionário chave para o negócio. Nesta decisão deve-se refletir sobre:
- Como proteger, recompensar e reter funcionários ou outras pessoas com interesse na empresa?
- Quais decisões estratégicas e gerenciais devem ser feitas para que a empresa continue tendo sucesso?
- Qual função eu (empresário) tenho/gostaria de ter na empresa? Por quanto tempo?
- O que é importante para mim (empresário)? Aqui, leve em consideração o ponto levantado sobre as suas motivações e prioridades pessoais.
5. Timing
O momento em que a venda vai ser negociada pode ser um fator relevante para o sucesso da transação. Dito isto, destaca-se a importância do planejamento antecipado (de sucessão).
É muito comum que grande parte das empresas olhe para esta questão de forma reativa, ou seja, quando o momento derradeiro chega, os sócios começam a pensar em como, quando e para quem realizar esta venda. E qual fator que acaba gerando pressão e impedindo um processo fluido? Tempo, momento, também conhecido como timing.
Como encontrar um investidor para minha empresa
No artigo Compradores de Empresas, o universo dos diferentes tipos de investidores e suas visões gerais sobre a compra total ou de participação de empresas dos mais diversos setores da economia e modelos de negócio, é explorado.
De qualquer forma, é válido destacar a presença de pelo menos duas vertentes de investidores: Financeiro ou Estratégico.
O Investidor financeiro é tradicionalmente um fundo de investimento – que tem como estratégia a diversificação de portfólio e, via de regra, busca por retorno financeiro sobre o capital aportado. De forma genérica, para este tipo de comprador, a transação corresponde à injeção de capital em troca de equity (participação societária).
Já o investidor estratégico tem uma abordagem um pouco diferente – podendo ser um competidor, empresa que já possui produtos similares ou complementares, companhias investidoras que querem entrar no mercado que você está inserido e possuem estratégia de crescimento inorgânico (por meio de aquisições).
Para refletir sobre a melhor alternativa para a sua empresa, há o ponto que foi demasiadamente explorado neste artigo: planejamento.
O exercício de projetar a sua empresa nos próximos anos é essencial até mesmo para definir o perfil de comprador ou novo sócio ideal. Se tiver dificuldades, pense nas seguintes questões:
- O que eu quero com esta venda?
- Uma fusão com um competidor faria sentido dentro do mercado que estou inserido? Se sim, quais os competidores teriam interesse no meu negócio? Eles já possuem histórico de crescimento por aquisição?
- Será que eu vou desfrutar mais do ecossistema proporcionado por um fundo de investimento? Quais fundos possuem investidas no meu setor de atuação?
Conclusão
Assim, como abordamos neste artigo, o processo de M&A passa pelas etapas ilustradas na imagem abaixo:
Os motivos e objetivos de uma venda parcial e de uma total são distintos, porém na prática, as etapas do processo são bem similares. Isto posto, em qualquer transação, ter clareza das ambições e prioridades (pessoais e do negócio) é um diferencial enorme.
É de suma importância que o processo de M&A seja tratado como prioridade pela gestão e funcionários da empresa que estejam envolvidos na negociação. Uma vez que a decisão seja feita e o processo iniciado, será necessário o envio de um série de documentos, demonstrações financeiras e informações adicionais sobre a empresa e o mercado que está inserida.
Para garantir o seu controle (empresário) durante o processo, a presença de especialistas em Fusões e Aquisições facilitam o processo e certificam que seus interesses e os da companhia sejam priorizados durante o processo de negociação.
E, para escolher o melhor especialista (também conhecido como Advisor), é vital se inteirar sobre todas as etapas e requisitos para uma transição tranquila.