Recentemente, foi divulgada na mídia a transação de venda da Capitalz para a Stark, formando o primeiro Investment Banking digital do Brasil. Nossa nova missão é democratizar o acesso a capital para o médio empresário, independente de quem ele for, de onde estiver e do tipo de transação que precisar.
Mas essa é apenas a parte mais superficial da história, aquela que foi contada nas matérias. Gostaria de convidá-los a conhecer um pouco mais da nossa “cozinha” para entender o que nos trouxe até aqui e por que optamos por dar esse grande passo neste momento.
Há exatos 10 anos, eu estava na superintendência de um grande banco de varejo. Era jovem, tinha 22 anos e estava no lugar onde sonhara um dia chegar quando entrei na instituição, com 19.
Talvez devesse estar feliz e realizado, mas estava profundamente inquieto com o que via, todos os dias: os bancos de varejo simplesmente não darem conta de atender as necessidades do médio empresário. Não é nem que eles não quisessem, muito menos que não tivessem time ou recursos para isso. A coisa era muito mais complexa.
O médio empresário é aquele que já percebeu que a fórmula que o trouxe até ali não vai levá-lo adiante, mas ainda não sabe direito o que fazer com essa percepção. Ele entende do seu produto, mas não dos produtos de mercado de capitais, e ainda não tem um time de executivos experientes no seu departamento financeiro para construir essa percepção internamente.
É preciso que alguém de fora tenha a coragem e a competência de quebrar o status quo e permitir que ele conheça um novo portfolio de produtos com características estranhas à sua experiência de décadas até ali. E o mais difícil: mostrar que é daquilo que ele precisa dali por diante.
Teoricamente, seriam os bancos de investimento o local adequado para atender esse perfil de empresário, porém os times elitizados e enxutos dos IB’s (como são chamados) brasileiros estão muito ocupados atendendo preferencialmente os segmentos upper-middle e corporate. As empresas com R$ 300 milhões de faturamento anual são consideradas peixes pequenos que trazem mais dor de cabeça aos analistas do que receita.
Ao sair do banco e iniciar minha trajetória de democratização do mercado de capitais às médias empresas, num primeiro momento com uma consultoria, sabia como ia começar mas não fazia ideia de como ia terminar. A gente nunca sabe, e pra ser sincero ainda não sei.
Meus caminhos naquele momento cruzaram com os da Stark, que já estava imbuída do mesmo diagnóstico e da mesma missão, embora em mercados um pouco diferentes. Eu era um advisor de crédito; eles, de fusões e aquisições. No entanto, foi o suficiente para nascer uma relação entre investidor e investida que daria origem à Capitalz, uma fintech com o objetivo de fazer matchmaking entre médias empresas e investidores institucionais.
Em poucos meses pós-rebranding que fundou o novo modelo de negócios da Capitalz, já tínhamos 400 investidores em nossa base de dados, uma rede de originadores com quase 40 escritórios associados, 15 pessoas no time e R$ 1 bi em contratos assinados. Cerca de 150 necessidades de captação reais, de empresários reais, negociando com investidores reais. Sem cadeia de intermediários e sem custos desnecessários.
No entanto, o mercado financeiro é extremamente competitivo. De repente, nos vimos na pele do médio empresário: sabíamos que a receita que tinha nos trazido até ali não era capaz de nos levar adiante. E não se trata só de investimento, de capital para escalar. É saber aceitar o timing do mercado, entender as sinergias, mensurar o custo de oportunidade de não estar plugado numa estrutura maior, sonhando mais alto.
Há alguns meses, queríamos ser A fintech de crédito do médio empresário brasileiro. Hoje, pouco tempo depois, nosso sonho evoluiu: queremos ser o principal hub de acesso a capital no Brasil para esse público, desde uma transação de crédito corriqueira até a venda completa da empresa, passando por operações de mercado de capitais, atração de sócios investidores, leveraged buyouts, legal claims, sale and leasebacks e até vendas de fazendas. Aliás, se você tiver uma aí pra vender, cadastra na nossa plataforma?
Para democratizar DE VERDADE o acesso a capital no Brasil, é preciso muito mais do que tecnologia. É preciso contar com uma extensa rede de canais e um braço de educação extremamente poderoso. Afinal, não se democratiza um mercado onde você não consegue chegar no cliente em todos os cantões do Brasil, e no qual a diferença de conhecimento entre as partes é tão grande.
Por fim, sei que o anúncio da transação pode ter pegado de surpresa algumas pessoas da nossa rede, e é natural que assim seja. Fiquem tranquilos: a Capitalz não acabou, ela evoluiu. Faz parte de algo muito maior e, por consequência, agora todos vocês também. Sejam nossos investidores, clientes, originadores ou mesmo a audiência em geral, que consome nosso conteúdo e torce pelo nosso sucesso.
Agora, como Starker, olho no retrovisor e tenho certeza que tudo valeu a pena. E o que é melhor: ao olhar para frente, tenho a certeza de que estamos no caminho certo para resolver todas as dores do médio empresário que me incomodavam na época como gerente de banco. Que assim seja. Recebam bem a Stark; vocês ainda irão ouvir falar muito da gente.