Mudanças Tech-tônicas: a tecnologia está transformando a economia global

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A tecnologia emergiu como o principal fator disruptivo e gerador de valor em todos os setores do mercado. 

 

Por Matthew Crupi, Chris Johnson, and David Crawford

 

Muitos dos negócios que mais crescem, independentemente de seus setores, têm uma coisa em comum: a tecnologia é essencial para seus negócios. Em geral, empresas e setores com menos inovações tecnológicas tiveram o crescimento de valor de mercado reduzido de 2015 a 2020.

A  mensagem aqui é clara: a tecnologia não é apenas uma indústria. Ela se tornou a  principal força disruptiva em toda a economia global.

As empresas “nascidas em tecnologia” construíram seus negócios com base em tecnologia desde seus estágios iniciais, porque a viam como essencial para seu sucesso, mesmo que seu produto final não fosse, tradicionalmente, um produto ou serviço de tecnologia por si só. Pense nos carros da Tesla, nos filmes da Netflix e na Amazon no varejo, por exemplo.

Empresas mais tradicionais, geralmente com serviços presenciais e “cara a cara”, porém, reconheceram os enormes benefícios de adotar uma estratégia baseada em tecnologia. A Disney, por exemplo, lançou um serviço de streaming de vídeo, e o Walmart agora tem uma loja online.

Esse fenômeno vai além dos projetos de transformação digital de empresas tradicionais, que muitas vezes se concentram na conversão de processos analógicos em digitais. Trata-se de todos os setores aprendendo a manejar a tecnologia e todo o ecossistema tecnológico para adquirir uma vantagem competitiva.

Como o explorado no Relatório de Tecnologia do ano passado, o enorme sucesso global dos negócios baseados em plataformas e tecnologias em nuvem alimentou o valor dessa indústria na última década. Essas duas tendências deram origem às principais ferramentas em nuvem e provedores de serviços, que chamamos de “hyperscalers” (gigantes da tecnologia com um banco de dados capaz de se redimensionar para responder à demanda crescente): Alphabet, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft nos EUA, e Alibaba e Tencent na China.

Agora, a tecnologia em nuvem e modelos de negócio de plataforma (como a Netflix) estão ganhando um valor significativo para empresas em todos os setores. As empresas vencedoras da próxima década serão definidas pela sua habilidade de tirar o máximo proveito desses catalisadores. 

Agora, os modelos de negócios de plataforma e tecnologia em nuvem estão revelando um valor significativo para empresas em todos os setores. As empresas vencedoras da próxima década serão definidas por sua capacidade de tirar o máximo proveito desses catalisadores.

 

Software com estrutura nativa na nuvem

 

Dentro da indústria da tecnologia, o crescimento sem precedentes das hyperscalers ofuscou o rápido crescimento de outro segmento disruptivo por si só: fornecedores de software com estruturas desenvolvidas, desde o início “nativas” na nuvem.

As empresas de capital aberto desse segmento valiam, coletivamente, quase meio trilhão de dólares no final de 2020, com muitos dos principais negócios desse grupo mais do que dobrando em valor de mercado no ano passad. Além disso, há um fluxo saudável de concorrentes em estágios iniciais avaliados em mais de US $ 1 bilhão cada (os chamados unicórnios).

As empresas de software com estrutura nativa em nuvem prosperaram porque conseguem lançar novos aplicativos mais facilmente, com escalabilidade mais rápida, construindo-os com base em recursos públicos de nuvem modelo de implantação em nuvem no qual os recursos de computação pertencem a um provedor e são operados por ele, que os compartilha entre vários locatários via Internet. 

Em vez de fazer grandes investimentos iniciais, as empresas de software com esse tipo de estrutura podem pagar pelos seus recursos de nuvem conforme a sua necessidade. Isso os deixa livres para concentrar seus investimentos em desenvolvimento de produtos, vendas, marketing e outras áreas que podem expandir seus negócios.

Esse modelo ajudou Snowflake (empresa de armazenamento de dados) a se tornar um dos vendedores de software de estrutura nativa em nuvem com o crescimento e valorização mais rápidos do mercado. 

A empresa desenvolveu uma plataforma, rodando em vários serviços de nuvem públicos, que ajuda as empresas a consolidarem seus conjuntos de dados díspares para que possam analisar e compartilhar dados com mais facilidade, além de, também, ajudar a construir aplicativos habilitados para lidar com esses dados. Snowflake usa a elasticidade dos serviços em nuvem para aumentar ou diminuir, de forma flexível, seus recursos de computação e armazenamento de forma independente, com base nas necessidades dos seus clientes. Isso gerou benefícios de custo e desempenho para a empresa e seus clientes. 

Além disso, os recursos de padronização e gerenciamento de infraestrutura de cada serviço de nuvem público tornam mais fácil para os clientes implantarem os serviços da Snowflake usando a nuvem de sua preferência. Os clientes da Snowflake em serviços financeiros, saúde, varejo e outros setores estão, agora, executando coletivamente centenas de milhões de consultas de dados todos os dias usando os produtos da empresa.

 

Empresas analógicas e a nuvem

 

À medida que as estruturas em nuvem e suas ferramentas de suporte se tornam mais avançadas, elas passam a capacitar empresas em todos os setores, não apenas para a construção de um setor de TI mais eficiente e efetivo, mas também para o uso de dados em grande quantidade para aprimorar seu modelo de negócios.

Por exemplo, os fabricantes de automóveis estão ampliando a fabricação de veículos telemáticos (veículos que transmitem dados através de sinal de celular) com base em tecnologia de nuvem. Isso pode melhorar a experiência e segurança dos clientes com os veículos, além de diminuir o custo total dos carros. 

A General Motors lançou seu sistema de telemática, o OnStar, há 25 anos. A empresa adicionou uma série de recursos baseados em nuvem desde meados dos anos 2000, e os líderes da GM veem o OnStar como uma fonte importante de crescimento no futuro.

Existem agora cerca de 20 milhões de veículos da GM conectados à Internet em todo o mundo. O OnStar, que é o serviço padrão na maioria dos veículos GM, transmite dados telemáticos para a nuvem para análise em tempo real. Para os consumidores, o OnStar fornece assistência à navegação, alerta os serviços de emergência quando o veículo e seu motorista sofrem um acidente e dá acesso a ofertas de seguro com base nos padrões da GM, que ajusta as taxas com base no comportamento do motorista na direção. As empresas podem usar o produto OnStar Vehicle Insights da GM para monitorar mais facilmente o desempenho, localização, uso e outras métricas das frotas de veículos.

 

Empresas e plataformas não tecnológicas

 

As plataformas em nuvem geralmente estão associadas ao setor de tecnologia, mas, agora, as empresas de outros setores começaram a sacudir seus mercados, adotando modelos de negócio baseados nesse tipo de plataforma online.

O termo “plataforma” é frequentemente usado de forma ampla. Aqui, nós o usamos especificamente para indicar um produto ou serviço sobre o qual outros constroem seu sustento um que atrai um ecossistema de parceiros e clientes que agregam valor à tal plataforma. O poder das plataformas reside em seus efeitos de rede, que reduzem os custos marginais de aquisição e aumentam o valor para a plataforma e seus participantes.

Um exemplo de empresa tradicional que aproveita as vantagens das plataformas de tecnologia é a John Deere. O fabricante de tratores de quase dois séculos de idade lançou sua plataforma digital MyJohnDeere em 2012. O produto combina dados gerados por sensores instalados nos equipamentos agrícolas da empresa com dados de terceiros, que contém as características da plantação, condições do solo, rendimentos, clima e muito mais. A capacidade da plataforma de sintetizar essas informações ajuda os agricultores a gerenciar suas frotas, reduzindo o tempo em que as máquinas ficam paradas e economizando combustível, o que, por sua vez, diminui custos e aumenta a produtividade. 

A capacidade de análise da plataforma melhora continuamente, à medida que mais agricultores se juntam e compartilham dados. A plataforma também é um “hub” para aplicativos de outras empresas, que podem ajudar os agricultores a tomar decisões com bases agronômicas e gerenciar melhor seus campos. Essas inovações aprofundaram os relacionamentos da John Deere com os seus clientes e fortaleceram o seu principal negócio de equipamentos, ajudando a empresa a quase triplicar sua receita desde 2011.

 

Padrões surgem 

 

Em nossa análise mundial de empresas que adotam tecnologia em nuvem e modelos de negócios de plataforma, descobrimos que aquelas que são mais bem-sucedidas estão fazendo quatro coisas de forma diferente.

Primeiro, elas estão usando dados e análises para obter uma vantagem: gerenciando ativamente e extraindo informações úteis de conjuntos enormes de dados, as empresas podem melhorar mais rapidamente suas ofertas com base no feedback do cliente em tempo real.

A Netflix também faz isso. Todos aqueles filmes e seriados que você assiste sem conseguir parar produzem dados valiosos sobre o comportamento dos espectadores, que orientam o desenvolvimento de conteúdo e promoções personalizadas. A Netflix afirma que a grande maioria das opções de visualização dos clientes é baseada em sugestões fornecidas por seu mecanismo de recomendação baseado em dados coletados. À medida que os clientes assistem mais, a Netflix usa esses dados para moldar o conteúdo que produz, de forma que os espectadores continuem voltando.

Em segundo lugar, essas empresas vencedoras estão crescendo rapidamente e, ao mesmo tempo, possuem menos ativos. A tecnologia e as plataformas em nuvem tornaram possível esse modelo de “ativos leves” porque as empresas agora podem escalar por meio da “conexão” em vez da “produção”, aproveitando os bens de capital de outras pessoas. A Uber se tornou uma das maiores empresas de táxi do mundo sem possuir nenhum carro, e o Airbnb se tornou um dos maiores provedores de acomodação sem possuir nenhum imóvel.

Em terceiro, percebendo que não precisam ser donas de tudo, as empresas líderes estão usando parcerias para adicionar recursos de forma mais rápida e barata do que seria se fossem desenvolvê-los internamente. Por exemplo, a empresa sueca de tecnologia financeira Klarna, que ajuda a facilitar os pagamentos entre compradores e vendedores online, oferecendo aos consumidores opções de pagamento após a entrega e parcelamento de compras, procurou uma solução que permitiria aos seus usuários comprar com qualquer comerciante, mesmo aqueles que não têm um relacionamento direto com a empresa. 

Em vez de desenvolver a solução internamente, a Klarna formou uma parceria com a empresa Marqeta, para fornecer aos seus consumidores cartões de crédito virtuais para um único uso chamados pela empresa de “cartões únicos” que podem ser usados ​​na finalização da compra como qualquer outro cartão de pagamento. 

Este cartão virtual permite ao consumidor pagar suas compras com tecnologia Klarna, sem que o comerciante precise realizar uma nova integração técnica entre seus terminais e a empresa. Usando o produto emissor do cartão da Marqeta, Klarna pode financiar o cartão em tempo real com a quantia exata necessária para pagar o pedido do cliente. 

A empresa também usou o alcance geográfico de sua parceira para lançar seus produtos em dois novos países, Estados Unidos e Austrália.

Desde o lançamento de sua parceria com a Marqeta no início de 2019, o volume de transações da Klarna aproximadamente dobrou ao fim de cada trimestre.

Por último, as empresas estão investindo em “talentos tech” para ajudá-las a extrair o máximo de suas tecnologias em nuvem e seus modelos de negócio em plataforma.

Basta olhar para a Goldman Sachs para ter uma visão clara de como os empresários de todos os setores estão remodelando seus negócios com a tecnologia. A empresa de serviços financeiros com sede nos Estados Unidos agora tem mais desenvolvedores de software (10.000) do que a maioria das empresas de tecnologia no mercado. Os engenheiros de software representam cerca de 25% de sua força de trabalho.

A questão na mesa em todas as salas de reuniões, independentemente do setor, não é se a tecnologia pode fazer a diferença em seus negócios. Mas sim como, e em que medida? As empresas que adotam a tecnologia como uma característica imprescindível  e diferenciadora têm a chance de gerar mais crescimento do que nunca em sua história.



*Publicado originalmente em Bain & Company

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