*Por Colin Wittmer
Em meio a todos os desafios dos últimos meses, o apetite dos investidores por fazer bons negócios permaneceu forte, e não parece que isso vai mudar tão cedo. Esperávamos que os processos de fusões e aquisições permanecessem resilientes, firmes e fortes, durante uma eventual recessão (como foi o caso, devido à crise do COVID-19), e a atividade de compra e venda de empresas se recuperasse mais rapidamente do que a economia. Mas, ainda assim, o ritmo e a magnitude em que isso está acontecendo ainda são impressionantes. Por exemplo, o valor movimentado nos EUA por operações de M&A, no primeiro trimestre de 2021, foi o mais alto de todos os tempos, contando, ainda, com 34 meganegócios (transações de pelo menos US$ 5 bilhões), que, se analisados em sua própria categoria, também foram os maiores em vários anos.
Então o que vem depois? Em nossa última pesquisa com CEOs, 57% dos empresários dos EUA nos disseram que suas empresas planejam aumentar o seu investimento em fusões e aquisições nos próximos anos. Mas onde eles devem concentrar seus esforços neste clima ainda incerto? Para ajudar a responder a essa pergunta, Fareed Zakaria – apresentador do programa “GPS” da CNN americana e autor de “Dez lições de um mundo pós-pandemia” – se juntou ao nós para uma conversa sobre negociações em um mundo acelerado.
Fareed observou que a pandemia gerou uma crise mais ampla e profunda do que outras crises recentes, o que só amplificou e acelerou muitos desafios geopolíticos, econômicos e sociais. Muitos desses desafios podem influenciar as estratégias de negócios e o trabalho necessário para garantir que as empresas gerem o valor que você espera. Conversando com Fareed e nossos clientes, fiquei impressionado com três coisas que acho que serão críticas para aqueles que estão considerando iniciar processos de M&A nos próximos anos.
- Responsabilidade e defesa: A pandemia criou um senso de justiça e injustiça, disse Fareed, e deu às pessoas tempo para refletir sobre o que é importante para elas, inclusive como clientes e funcionários. Quando se trata de negócios, avaliar demonstrações financeiras, instalações e outros elementos tradicionais ainda é importante, mas, como observou Fareed, as empresas são compostas por seres humanos. As iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG) são uma parte exponencialmente importante do valor do negócio (valuation).
ESG e valuation num mundo acelerado
Fareed Zakaria discute como a pandemia do COVID-19 levou as empresas a considerarem mais do que apenas aumentar seus lucros. Elas agora focam em trazer soluções diferentes para seus clientes.
- Agilidade: primeiro, a economia digital foi sobrecarregada pela crise do COVID-19, pois o consumo desse tipo de produto e a conectividade, como um todo, mudaram significativamente nos anos passados. Um exemplo é a telessaúde: o número de consultas virtuais em 2020 foi igual ao projetado para 2035, disse Fareed. Essas mudanças significam que as empresas devem ser mais ágeis com investimentos em tecnologia e um entendimento maior de como seus serviços digitais serão considerados na hora do valuation. Em segundo lugar, as tensões geopolíticas estão fazendo com que os empresários sejam obrigados a testar estratégias diferentes para aumentar a eficiência e o crescimento de seus negócios. O mundo está mais aberto, disse Fareed, mas com essa abertura vem mais volatilidade e a necessidade de mais resiliência. Além da interrupção da cadeia de suprimentos e disputas comerciais, as empresas que consideram fusões e aquisições internacionais e outros investimentos estrangeiros devem determinar o quanto a qualidade de um governo – versus tamanho do mercado, custos trabalhistas e outros fatores tradicionais – importa quando se trata de aumentar o valor do seu negócio.
Transformação digital e fechamento de negócios em um mundo acelerado
- Ambição: A pandemia trouxe muita tensão, a crença de Fareed é de que países e empresas, em geral, estão em busca de crescimento. Ele também observa que os EUA sempre foram um lugar repleto de ambição – desde o pouso na lua em 1969 até a criação da internet e o desenvolvimento historicamente rápido das vacinas COVID-19. Uma crise geralmente leva a grandes mudanças, e é aí que as empresas devem considerar todos os seus caminhos para o crescimento.
A competição por ativos pode ser acirrada no clima atual, e o negócio certo pode não ser necessariamente M&A. Pode ser, por exemplo, um reinvestimento, um desinvestimento, ou uma parceria com uma empresa de um setor adjacente. Seja qual for o caminho, as empresas que aprenderem com os anos anteriores e reconhecerem o que mudou, agora terão mais chances de fechar negócios que agregam valores maiores.
*Publicado originalmente em PwC