*Por João Vitor Carminatti, cofundador e CEO da STARK
Se você é um empreendedor à frente de uma empresa inovadora que busca atrair um sócio-investidor de primeira linha, este artigo é para você. Antes de começar, vale lembrar que o melhor momento para atrair um sócio-investidor é ‘quando você não precisa do capital para continuar entregando excelentes resultados’. Antes de falar sobre as melhores práticas na jornada do fundraising, uma dica.
Na live que faremos no próximo dia 27, “Do 1º aporte ao exit: como os investidores de tech pensam”, o assunto será abordado com mais profundidade por mim e outros investidores experientes: Paulo Passoni, managing investment partner do SoftBank; Guilherme Lima, senior associate da Astella; e João Kepler, CEO da Bossa Nova Investimentos. O evento tem o apoio da Capitalz, fintech que busca democratizar o mercado de Venture Debt para o ecossistema de tecnologia.
Agora vamos às recomendações para um bom fundraising:
O comprometimento do fundador com o processo de fundraising deve ser total. Limpe a agenda e se envolva pessoalmente na preparação e especialmente na etapa de roadshow. Fundraising é um processo binário: ou você está ON ou OFF. Importante também estar alinhado com seus sócios quanto à decisão de captar. Pense o quão frustrante é ter um investidor engajado e ter de lidar com conflitos societários paralelamente.
Garanta que você tem uma visão de futuro clara para a empresa. Para isso, defina a estratégia de crescimento e o volume de capital necessário para financiá-la. Construa projeções financeiras realistas e esteja preparado para defendê-las, afinal você não quer ter dez reuniões agendadas com investidores sem saber o quanto deseja captar ou qual o valuation alvo da rodada.
Organize os números. Isso significa ter na palma da mão a evolução mensal da demonstração de resultados financeiros (DRE, balanço e fluxo de caixa) e principais ‘unit economics’ (número de clientes, ticket médio, CAC, LTV, churn etc.) da empresa.
Nas negociações, algumas alternativas para lidar com a pressão pelo “go” ou “não-go” e ganhar algum tempo para tomada de decisão são:
1.) A revisão do documento por um advogado especializado;
2.) Uma contraproposta para o fundo “apressadinho”;
3.) Agilizar a comunicação com os demais participantes do processo para acelerar a competição pelo deal.
Outras dicas importantes para uma boa jornada de fundraising:
- Prepare um pitch deck para guiar suas apresentações;
- Faça uma lista de potenciais investidores e pesquise o perfil dos fundos;
- Aborde os investidores simultaneamente, e não de forma sequencial;
- Nunca saia de uma reunião sem antes perguntar qual o próximo passo;
- Faça a gestão do tempo para equilibrar fundos mais e menos ágeis
Alguns temas importantes (e não tão óbvios) para prestar especial atenção:
- Vesting: se você se comprometeu com acordos de vestings ainda não oficializados com o seu time ou espera ter novas rodadas de vesting no futuro, é importante ter a anuência contratual do investidor entrante;
- Não diluição: fique atento a esta cláusula. É comum o sócio-investidor propor uma métrica para não diluição de sua participação. Isso faz parte do jogo, até um patamar máximo – seja até determinado valuation ou montante de nova rodada futura;
- Poder de veto: é esperado que o sócio-investidor exija poder de veto sobre determinadas matérias como aquisições, pedidos de falências, despesas extraordinárias superiores a R$ XX. Fique atento e garanta que não esteja sendo exigido controle excessivo ou micro-management.
- Lock-up: normalmente é exigido que os fundadores fiquem um período sem poder vender suas ações. Isto é razoável, uma vez que grande parte do que os investidores estão buscando é o capital intelectual dos fundadores, garanta que você está de acordo com os termos.
O fundraise é uma “ciência multisciplinar” onde as chances estão contra você, probabilisticamente. O êxito depende de sua empresa se destacar no meio da multidão para despertar interesse do investidor; possuir informações claras e organizadas da empresa, estar no timing ideal e conseguir defender o plano de crescimento; e negociar o valor do aporte, diluição e termos de governança que sejam favoráveis.
Lembre-se que o fundraise é o meio e não o fim. Quanto mais curto e eficaz for o processo, antes você estará liberado para voltar a focar na tração da empresa.
Inscreva-se na live da STARK.
*Conteúdo publicado originalmente em Finsiders